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Professor Celso Vasconcellos durante a palestra |
Professores
desvalorizados, alunos desmotivados e sistema de educação ineficaz. O ensino
brasileiro enfrenta inúmeros problemas, mas é
possível mudar. Esta é a opinião do
professor doutor Celso Vasconcellos, que discutiu os desafios e perspectivas do
docente durante a palestra “E Agora, Professor? Desafios e Perspectivas”, realizada
na primeira noite de atividades da IV Jornada da Educação.
O
auditório ficou lotado com estudantes, professores e outros
profissionais da área da educação, que se divertiram com a didática
usada por Vasconcellos durante sua apresentação. O sucesso foi tamanho que
houve transmissão simultânea em outro auditório, completamente ocupado. Ele
começou apontando que a educação está pautada em um grande senso comum. Para superá-lo, é importante usar elementos teóricos
e metodológicos como um meio de questionar o conteúdo
vigente, que nem sempre é eficaz e atraente.
O
professor criticou o sistema de ensino em que os estudantes são colocados uns
atrás dos outros, dispostos de uma maneira que não proporciona integração. Para
ele, a organização em rodas, comum na Educação Infantil, é melhor para o
aprendizado. “Fazemos uma pedagogia mais avançada no infantil, depois a gente
regride”.
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Alunos e professores lotaram auditórios |
Segundo
o professor Vasconcellos, quem vai se tornar ou é um educador deve estar consciente
do seu papel na sociedade, compreender e estar preparado para lidar com os
alunos e a realidade. Para atingir esse patamar é preciso muito estudo. “Ser
professor é muito mais complexo do que ser engenheiro”, opinou. “Se eu fosse
ministro, a formação dos professores se daria em oito anos, em período
integral, com estágio remunerado desde o primeiro ano”, disse. “Acho que nunca
chegaria à Brasília com essa proposta”, brincou logo depois, arrancando risos
da plateia.
Além
da baixa remuneração, ressaltou o professor, o magistério é uma profissão que
acaba se desdobrando em múltiplas funções. "Hoje, o professor tem que ser pai,
mãe, psicólogo, bombeiro. É tanta solicitação que o professor fica
sobrecarregado, estressado".
Para
Vasconcellos, o problema é ainda maior nos colégios particulares. “O aluno, por
pagar a mensalidade, acha que é o dono da escola”, disse. Por isso, a atuação
da família é importante. "Hoje em dia, as crianças têm tudo, menos a
certeza do amor dos pais", afirmou o professor, analisando como a vida
contemporânea é centrada no dinheiro, enquanto as relações afetivas se
deterioram.
Mesmo
com todos os problemas, salientou Vasconcellos, o professor ainda tem grande
credibilidade social e continua sendo uma das três profissões em que a
população mais confia. “É um prazer ver o outro aprender com a sua mediação”.
(Texto: Deborah Regina e Gabriel
Oliveira – Foto: João Paulo Figueiredo)